Grupo Nitro: Quebrando paradigmas - Nossa História.
Era uma vez um grupo de 7 dentistas e 1 anestesista que foram para Chicago aprender para ensinar sedação no Brasil... Dentistas e anestesistas juntos aprendendo para ensinar? No Brasil? Algo não faz sentido nos dias de hoje, que dirá há 21 anos atrás! Peço que voltem ao titulo e observem que ressaltei que estamos quebrando paradigmas há 21 anos, não disse ensinando sedação, ou despertando o Brasil para o uso da sedação, ou levando até você...QUEBRANDO PARADIGMAS! Rompendo com o que estava estabelecido, criando espaço para o novo, acendendo a luz na escuridão!

E assim começamos unindo um grupo de dentistas com um anestesista, que não supunham a metade das questões pequenas que apareceriam para tentar impedir que algo maior acontecesse.

Assim que chegamos ao Brasil nos dirigimos de imediato ao nosso conselho de classe informando a nossa habilitação, parceria com a PUC-Rio e conteúdo programático para o primeiro curso de Analgesia Inalatória. No final deste mesmo ano habilitamos a primeira turma no Brasil! Nosso objetivo era formar uma massa crítica de colegas que tivessem voz , frente a reserva de mercado que os anestesistas, através de sua sociedade tentavam fazer, sem enxergar que na medida que a odontologia qualificasse esta demanda, eles teriam mais indicações para o atendimento em ambiente hospitalar.

Infelizmente logo no início começamos a enxergar que a questão era maior... Duvidavam de nossa capacidade técnica, da odontologia em si! E muitos colegas de profissão se posicionaram contra a sedação inalatória na odontologia.

Ensinávamos sobre os 5 tipos medos que envolvem o ser humano em nossas aulas, Medos: da dor, do desconhecido, da dependência, da mutilação e da morte. Vivenciamos nesta caminhada que a odontologia trazia ancestralmente um medo do desconhecido, que não nos fazia enxergar a possível dependência que ele gerava e o quanto podíamos mutilar e até levar a morte muitos de nossos pacientes por não saber controlar o estresse que envolve o atendimento odontológico. Continuamos nossa caminhada, e em 2003 professores começam a despontar em várias regiões do país, com os nossos mesmos anseios : Normatizar a Sedação Inalatória no Brasil. Surgem assim os Encontros Consciente, que geraram o Documento Consciente, que entregamos ao CFO no CRORJ e neste momento, apoiados pela APCD e ABCD foi agendado o Fórum para a Normatização da Sedação Inalatória no Brasil, que resultou na resolução 51/2004.

Sociedade de Anestesia já havia processado eticamente o Prof. Alvaro Aguiar (anestesista) por ensinar procedimentos médicos a não médicos... Inacreditável! Todas, eu disse TODAS as forças armadas em seus quadros de saúde tentaram colocar o curso para seu corpo de dentistas, mas como a direção sempre estava na mão de um médico, não conseguimos fazer acontecer em nenhuma delas. Mas viajamos este país de norte a sul informando, impregnando, fazendo a sedação, nestes tempos inalatória acontecer no Brasil.

A partir da normatização já eramos 3 (dois dentistas e um anestesista) as batalhas eram diárias! Muito de nossa vida clinica perdeu com a necessidade de dedicarmos tempo e dinheiro a causa...

Em 2005 o Prof Germano Viloria, iniciou um projeto inovador, cursos de pós-graduação na UGF com professores e alunos habilitados em Sedação Inalatória com um sistema de distribuição de gases em toda a clinica de ensino, mas infelizmente a Universidade em sua totalidade findou sua história, interrompendo muitos cursos e gestões valiosas.

Mas prosseguimos, buscamos pós-graduações na área de farmacologia, fizemos o mestrado em saúde publica na UNICAMP para viabilizar o atendimento com sedação no SUS, com analises de custo e benefícios a serem obtidos, entregamos a dissertação com seus resultados ao então responsável pelo Programa Federal da Odontologia, o Brasil Sorridente – Gilberto Puca.

Prosseguimos entregando também um projeto Saúde Bucal ao então Secretário de Saúde na gestão do prefeito do Rio e Janeiro Eduardo Paes, onde chegaram a comprar os aparelhos para implementar nos CEOS o programa, agora já com a Sedação Oral e Inalatória associadas.

Continuamos as capacitações no Brasil, muitas lutas, muito preconceito, muita pequenez de alma! Comparo esta luta, a você querer convencer a um grupo de pessoas, que dizem não estar enxergando nada PORQUE a luz está apagada, com muito custo acendemos as luzes, mas elas permanecem com os olhos fechados, afirmando não conseguir enxergar absolutamente nada!

Fomos convidados para fazer uma apresentação com entrevista no programa do Jo soares... Um odisséia! Serviço de remoção de urgência na porta do estúdio, bomba á vácuo para exaustão, anamnese prévia do escolhido para ser sedado, enfim, todos os cuidados possíveis foram tomados, mesmo assim o CRM nos processou via ANVISA, alterando o que foi dito, apresentando provas através de textos fragmentados, parte do diálogo que tivemos durante o programa. Fizemos uma defesa de mais de 200 páginas e ganhamos a causa, mas ainda não a luta!

Hoje está apresentação corre o país em vários cursos que hoje existem de sedação inalatória no Brasil.

Mas e agora? Tudo resolvido? Conseguimos atingir nossas metas?

De modo algum! Perdemos nosso mestre, nosso amigo, nosso irmão: Prof Alvaro Aguiar- anestesista, que continuou heroicamente conosco até o fim! Não seriamos, nem estaríamos onde estamos sem a presença dele nesta caminhada.

Há 21 anos atrás pretendíamos atender pacientes fóbicos, diminuir o estresse que envolve o atendimento odontológico, mas e os pacientes com deficiência? Como estava acontecendo no Brasil a Odontologia para estas pessoas? Não estava acontecendo! Eles vivem a margem desta possibilidade, não eram atendidos em sua grande maioria, ou em alguns poucos hospitais onde o atendimento era basicamente mutilador e com muito risco.

E assim, sem parar de estudar, de aprender para ensinar, aprender ensinando e aprender por atender, chegamos hoje a estratégia multimodal na sedação em odontologia. Um conceito que envolve várias vias de administração e vários fármacos, para tornar possível o atendimento de todos que estão a margem da Odontologia no Brasil.

Mas acreditem se quiser, somos menos de 1% dos cirurgiões dentistas neste país!

Muito ainda a fazer para convencer a cada um que encontramos que basta abrir os olhos, pois a luz já está acesa!